Lissauer sugere mudança para gerar maior produção de carne de aves pela BRF

Diante do anúncio da BRF em desativar abates de perus em Mineiros, deputado estadual Lissauer Vieira (PSB), sugere, durante audiência pública em Brasília, que empresa aproveite estrutura da unidade para produzir mais frangos

Em audiência pública realizada no Senado, nessa terça-feira, 12, solicitada pela senadora Lúcia Vânia (PSB – GO), com a presença do ministro da Agricultura Blairo Maggi e diretores da BRF, para debater os impactos da empresa em Goiás. Devido aos embargos de exportação, o vice-presidente de eficiência corporativa, Jorge Lima, disse que a Brasil Foods irá desativar a linha de produção de perus em Mineiros, no Sudoeste. Como representante político da região e coordenador da Frente Parlamentar da Agropecuária na Assembleia Legislativa de Goiás, o deputado Lissauer Vieira, fez sugestões junto à diretoria da empresa, para realizar estudos no sentido de aproveitar o que será desativada para aumentar a produção de frangos na unidade.

“Sabemos da responsabilidade social que a BRF tem. A desativação de 25% da unidade de Mineiros, anunciada pelo vice-presidente Jorge Lima, vai afetar de sobremaneira a população do município, então nada mais justo que, o mais rápido possível, a indústria se adeque para transferir toda estrutura de granja e parque industrial, para produção de frangos”, cobrou o deputado. Conforme respondeu Jorge Lima, a empresa vai levantar estudos e projetos para a adaptação e, acredita, “se nada mais acontecer no mercado internacional, dentro de seis meses a indústria poderá voltar ao normal com abates de frangos”.

A BRF informou que irá demitir 50% dos trabalhadores da linha de produção de perus, que será desativada a partir da segunda quinzena de julho deste ano. A empresa disse que os termos contratuais vigentes serão honrados junto aos atuais integrados. A BRF também irá acionar todos os produtores da localidade nas semanas seguintes para comunicar os próximos passos. A outra metade dos trabalhadores que integram a área que será fechada deverá ser realocada em outros processos produtivos na mesma unidade ou em fábricas próximas, “dependendo da disponibilidade de mobilidade e a existência de posições equivalentes”.

O vice-presidente da BRF relatou que a decisão foi tomada depois da empresa ter sido “atacada pelo mercado internacional, principalmente pela União Europeia, Arábia Saudita e China, que promoveram uma barreira aos produtos exportados.  “A revisão tem como objetivo a adequação da estrutura à demanda do mercado e a melhor alocação de recursos. Dessa forma estaremos mantendo 65% da indústria de Mineiros em funcionamento, na produção de frangos e as unidades de Rio Verde, Jataí e Buriti Alegre, voltarão ao normal assim que os funcionários voltarem das férias coletivas,” justificou.

 

A BRF é uma das maiores companhias de alimentos do mundo, possui mais de 30 marcas, entre elas Sadia e Perdigão. A empresa reúne cerca de 13 mil produtores integrados, mais de 30 mil fornecedores (4 mil apenas de grãos, farelos e óleos), 240 mil clientes em todo o mundo e 110 mil empregados.

 

Resultado

 

Ao final da audiência pública ficou definida a criação de duas comissões no Senado. “Uma para exigir do Itamaraty uma posição mais enérgica em relação aos países que estão formando a barreira contra os produtos brasileiros e a outra para acompanhar a situação da unidade da BRF em Mineiros”, informou a senadora Lúcia Vânia. “Essa situação cria uma crise na cidade, que gira muito em torno da empresa, por questão de emprego e também da aquisição dos animais de produtores da região”, completou a parlamentar.

 

Na opinião do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, os embargos impostos pela Europa à carne brasileira no ano passado, durante a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, foram motivados por questões econômicas, e não de saúde pública. Maggi disse que há mais de 2 mil tipos de salmonela e apenas dois que podem afetar a saúde. Esses dois tipos nocivos, segundo Blairo, não estavam presentes na carne brasileira.

 

“A questão de fechamento de carne não era de saúde pública; era mercado”, disse o ministro. “Tanto que, com o pagamento extra de 1024 euros por tonelada, você entrava com a salmonela na Europa. Por quê? Porque ela não faz mal à saúde, está presente nos alimentos.” Blairo Maggi disse que o Brasil têm sido um dos países que mais crescem em proteína animal no mundo e que deve se adaptar mais rapidamente a mudanças no mercado.